quinta-feira, maio 22, 2003

PORQUÊ CHAMAMOS DE "VOTO DE MINERVA"


A deusa da sabedoria desempata e livra Orestes da prisão

Certa vez, um jovem grego teve que ir para a guerra, a fim de vingar a morte
do irmão. Seu nome era Agamênon. Sua esposa, Clitenestra, aproveitou a ausência
para trai-lo. Ela e o amante também planejaram seu assassinato. Mais: decidiram
que Orestes, o filho dela, também deveria morrer. Vendo o assassinato do pai e
sabendo de seu risco, Orestes fugiu para um país distante. Nunca deixou de
alimentar o desejo de vingar a morte. Esse desejo ganhou força quando Orestes
consultou o Oráculo em Delfos, onde obteve a orientação que ia de acordo com o
seu desejo: por causa dela, retornou à sua pátria e acabou assassinando a
própria mãe junto com seu amante.
A situação provocada por Orestes gerou controvérsias. O matricídio, provocou a
ira das divindades da vingança. De acordo com as leis da cidade, o crime de
Orestes poderia ser atenuado - até a absolvição - pela culpabilidade de
Clitenestra. Mas conforme as leis divinas, Orestes deveria ser punido. Qual das
leis deveria falar mais alto para regular a vida dos cidadãos.
A polêmica criada por Orestes foi tão grande que ele acabou sendo conduzido ao
Tribunal de Minerva, a deusa da sabedoria, nascida da cabeça de Zeus. Por isso,
ela não pensava com o coração e sim com a razão. O corpo de jurados - eram oito,
tal como no caso da Schering -também ficou igualmente dividido. Foi então que
Minerva deu o seu voto, absolvendo o herói. A decisão foi festejada na cidade e
o voto de Minerva foi festejada como a decisão da sabedoria, contra o voto da
paixão.
Na democracia grega, os deuses não interferem. O homem grego, livre da tutela
do sagrado pôde organizar sua vida tendo a "nomos", lei como a divindade
suprema. A supremacia da lei existe exatamente enquanto contempla o direito de
todos os cidadãos. A postura dos gregos na vigência da democracia, serve de
exemplo para nossa postura no mundo secularizado. Nele, temos que aprender a
conviver com a pluralidade das vozes, dos valores e credos.

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