Já ía esquecendo...
Meu primo semana passada questionou um email que está rodando na internet dirigindo-se ao referendo do dia 23/10/05, que pra mim não tem nexo algum, que ele também achou ridículo, e no final perguntou minha opinião. Deixo aqui o que escrevi sobre o assunto, sem querer interferir na opinião de cada um, mas a minha já está formada...
"O q eu acho sobre td isso Rafa??? Bom, inicialmente, quando vc disse que pessoas com um certo grau de instrução ficam "caindo" nas historinhas dos emails, digo que infelizmente muitas pessoas instruídas não estão nem aí com nada, tipo, foda-se política, foda-se economia, foda-se todos os partidos pq nenhum presta, logo, chegam num referendo, que é um ato de extrema importância, e o que acham??? foda-se isso tb....
Mas, voltando ao assunto, a população está sendo iludida no sentido de que a violência do país estará sob controle com o desarmamento da população, pois a criminalidade irá diminuir em grande quantidade, uma vez que a violência doméstica será praticamente extinta com isso, o que não é verdade, pois há muito tempo o Estado não vem cumprindo com sua obrigação de garantir segurança à todos, sem distinção.
E espero que aqui ninguém seja hipócrita de dizer, é e o PT?... não estamos falando somente do período em que o PT chegou ao poder, isso vem de décadas, décadas e mais décadas....
Depois, vem a questão de que uma pessoa "de bem", que quer comprar uma arma de fogo para garantir uma maior segurança para si e sua família, ela tem que passar por um crivo de avaliação tanto técnica quanto psicológica para a obtenção de uma arma devidamente registrada, tudo conforme a Lei.
É direito do cidadão promover sua legítima defesa!!! É isso que as pessoas parecem esquecer, é um direito constitucional do cidadão, como podem querer transformar algo que fere a própria constituição do país em lei???
Bom... em todo caso, após ler o Estatuto do Desarmamento, e pouquíssimas pessoas leram, que ao meu ver é incontroverso, ou seja, as pessoas vão votar em algo que nem sabem do que se trata... qualquer pessoa de bom senso percebe que este referendo é: uma peça de fancaria e uma besteira
Nos 37 artigos distribuídos por seus seis capítulos a Lei 10.826 define tudo sobre a posse, o porte de armas de fogo no Brasil. Desce a detalhes desde a idade mínima para um cidadão comprar uma arma, passando pela marcação dos cartuchos, até a proibição da fabricação ou importação de réplicas de armas de fogo (Artigo 26, Cap. V). Está tudo ali, tudo o que é essencial, menos a comercialização, que deve ser aprovada pela população.
E aí está a farsa: qual a importância da comercialização de armas de fogo se foram criados todos os tipos de obstáculo a sua posse? Quem vai querer, a cada três anos, como determina a lei, passar por um aborrecido, caro e longo processo de re-registrar sua arma? Imaginem um cidadão que mora em uma pequena cidade tendo de viajar, no mínimo duas vezes a um grande centro, para obter a re-certificação do registro de sua arma e este ritual se repetirá a cada três anos. Quem vai querer ter o direito de comprar 50 (cinqüenta cartuchos por ano) a um preço absurdo para, ao fim de 365 dias, se não os usou, ter de entregá-los à Polícia sem receber o ressarcimento pelo que pagou pela munição? Quem vai querer correr o risco de, ao fim de três anos, quando for renovar sua licença, por uma razão qualquer a autoridade negar-lhe o direito de renovação e o cidadão ter sua arma confiscada? Quem vai querer correr o risco de registrar uma arma e amanhã os anti-armas, apoiados por um Congresso desmoralizado, conseguirem passar uma lei determinando que todas as armas registradas deverão ser entregues à polícia sob pena de 15 anos de prisão sem direito à fiança?
O Estatuto criou tantas barreiras à posse de armas que a questão de comercializar ou não armas de fogo, não tem o menor significado prático. A Taurus, segundo o jornal O Dia de 28/06/05 vendeu, em 2005, no mercado interno, apenas 360 armas. Isso equivale a ter vendido um (1) arma por dia em todo o Brasil! E a criminalidade diminuiu? Segundo relatório da Secretaria de Segurança Pública, no mesmo período, no Rio de Janeiro, os homicídios bateram o recorde histórico de 1995... E não foram resultado de brigas entre cidadãos sem passado criminal. Estes representam apenas 3,7% do total de casos registrados na pesquisa que estou realizando. Os 96,3% restantes foram todos resultantes de ações criminosas que o estapafúrdio Estatuto do Desarmamento não tem condições de evitar.
Então, acho que caberia perguntar: qual o propósito do referendo?
Em minha opinião, como a verdadeira raiz do problema não está sendo atacada, a criminalidade vai continuar aumentando, proíba-se ou não a venda de armas de fogo no Brasil. E isto os anti-armas sabem muito bem.
Quando o clamor da população crescer, Suas Excelências vão poder cinicamente dizer: "Mas o povo chancelou", quando forem questionados sobre a não solução do problema da violência...
Duas coisas são importantes neste referendo: saber o percentual de abstinência que irá ocorrer, o que demonstraria cabalmente o interesse da população sobre o assunto e, se o ‘Não’ vencer com que cara ficarão os Deputados e Senadores que votaram esta lei idiota? Será que eles vão gostar de saber que votaram contra o desejo da maioria de seus eleitores? E isso é de fato importante? Para aqueles que enxergam no eleitor apenas a gazua para acessar o grande balcão de negócios em que o Congresso se transformou, pouco lhes importa.
Não estou recomendando que se abstenha de votar no referendo, simplesmente por ele ser uma farsa. Não faça isso! É importante que todos os que não concordam com esse estado de coisas compareçam em massa e votem "NÃO". Esta é uma situação que, independentemente do resultado do referendo, quem votar NÃO será sempre vencedor.
Se o resultado for NÃO, o eleitor estará mostrando ao Congresso, ao Ministério da Justiça, que não concordou nem com o Estatuto do Desarmamento nem com a farsa do referendo.
No pior cenário, se o SIM vencer e amanhã a sociedade se levantar contra a violência que, sem sombra de dúvida, continuará campeando desenfreada, todos os que forem a favor do SIM começarão a engendrar desculpas esfarrapadas para explicar porque nada mudou após tudo o que maquinaram.
Eu, pelo menos, farei parte do rol de eleitores que votaram NÃO."
quinta-feira, outubro 13, 2005
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