Naya deve ser transferido para o Rio na noite desta terça
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da Folha Online
O empresário e ex-deputado federal Sérgio Naya, preso no aeroporto de Porto Alegre (RS), deverá embarcar em um vôo comercial com destino ao Rio na noite desta terça-feira. A princípio, policiais federais do Rio deverão seguir para o Rio Grande do Sul para realizar a escolta durante a viagem.
O empresário foi preso na madrugada de segunda-feira, quando tentava embarcar para Montevidéu (Uruguai). Ele passou a noite em uma cela individual da PF. No café da manhã foram servidos café, leite, banana e laranja. No almoço, Naya comeu arroz, feijão, peito de frango grelhado e salada de tomate e cebola.
Naya foi preso durante a "operação padrão" da PF, na qual todos os passageiros de vôos internacionais passam por minuciosa fiscalização. A operação foi implantada pela polícia, que está em greve, como forma de pressionar o governo a conceder aos agentes, papiloscopistas e escrivães equiparação salarial com delegados e peritos.
Falsificação de documentos
O motivo da prisão, pedida na semana passada pelos promotores Maria Luiza Cabral e Rodrigo Terra, foi a acusação de tentar falsificar documentos públicos, ao se utilizar de uma escritura de venda falsa para garantir a venda de uma fazenda em Minas Gerais a um empregado. A venda da fazenda estava bloqueada para pagar indenizações das vítimas do Palace 2. O edifício desabou em fevereiro de 1998, matando oito pessoas. Naya era proprietário da construtora responsável pelo prédio.
A prisão de Naya já havia sido pedida pelo promotor em fevereiro deste ano, mas foi negada pela Justiça. Logo após o pedido, segundo Terra, o empresário "continuou tentando falsificar documentos".
Esta é a segunda vez que Naya é preso. Ele esteve detido entre 15 de dezembro de 1999 e 11 de janeiro de 2000, quando conseguiu a revogação da prisão.
Prisão
Um dos agentes que efetuaram a prisão, Paulo Ricardo Ennes, disse que Naya se mostrou surpreso quando foi detido e que procurava mostrar sua passagem de volta para a semana que vem.
Naya apresentou aos policiais uma identidade e uma decisão judicial de 2001, que lhe dava permissão, segundo ele, para deslocamentos nacionais e internacionais. Os policiais consideraram tal documento irrelevante, porque, sendo de 2001 e havendo outra decisão recente, ele está defasado.
Um dos advogados da Associação de Vítimas do Palace 2, Nélio Andrade, disse que o sentimento deles é de "dever cumprido".
"Sérgio Naya estava debochando do Poder Judiciário desde o momento em que usava documento falso e mentia. Mas esse é mais um passo. Enquanto ele não pagar as vítimas do Palace 2 e não pagar pelos ilícitos penais, vamos continuar brigando", afirmou.
Apenas dois dos 176 proprietários dos apartamentos destruídos receberam indenização.
Empréstimo
Naya disse que iria para o Uruguai para realizar um empréstimo de US$ 5 milhões para pagar as indenizações às famílias das vítimas do Palace 2.
Advogados do empresário disseram que deverão recorrer da decisão. Eles consideraram o mandado de prisão "ilegal e injusto".
terça-feira, março 16, 2004
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